segunda-feira, 25 de junho de 2007

Memórias póstumas de um vestido


Marcela amou-me por um dia e quarenta reais. Depois despiu-se de mim, desfez sua fantasia, jogou-me no armário, e voltou a viver sua realidade.
Confesso que não é fácil ser um vestido preto de dançarina, pertencente a alguém que nunca dançou, e nem sequer entrou num cabaré. Uma grande farsa, pois, nem sexy Marcela é...

quinta-feira, 21 de junho de 2007

Saudade

No dicionário Aurélio da Língua Portuguesa a palavra saudade, possui a seguinte conotação:
"saudade sf. 1. Lembrança nostálgica e, ao mesmo tempo, suave, de pessoa ou coisa distante ou extinta. 2. Pesar pela ausência de alguém que nos é querido."
Uma explicação simples de um sentimento que na integra é inexplicável. Mesmo assim, eu uso dessas palavras, que são meus únicos meios, (já que você não pode se transformar em mim, e entender como eu sinto) para declarar-te que, um minuto sem você já é saudade.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

Egoísmo egoísta

Ele nunca gostou de dividir seus brinquedos com os demais amiguinhos na infância. Nunca foi de repartir o lanche, de emprestar dinheiro, ou de ajudar alguém com a tarefa escolar. Na adolescência, só pensava em si mesmo, e na sua vida medíocre. Com o passar dos anos, seu único objetivo era conseguir o que queria mesmo que para isso precisasse passar por cima de Deus. Na velhice, um pouco antes de morrer, naquele quarto de hospital, ele percebe que esta sozinho... Só ele e o seu egoísmo, que, após anos sendo alimentado, ganhou autonomia e cresceu como um monstro dentro de suas entranhas.
O problema disso é que o egoísmo é um ser egoísta, e quando ganha tamanha importância na vida de uma pessoa, ele passa a agir por conta própria, se sente único e especial, e não divide a mente da criança, do adolescente, ou do velho, com os demais sentimentos.
O homem no hospital morreu, como tantos outros que morrem... Quando já não dava mais para perceber se era ele que possuía um sentimento, ou se era o sentimento que o possuía.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

Pó Mágico

Ele tinha dez anos quando ela nasceu. Nove anos depois, enquanto ele cheirava cocaína, ela lia um livro de Monteiro Lobato, e descobria o pó do pirlipimpim. Oito anos depois, eles se encontram, eles flertam, eles se aproximam, eles conversam, eles se beijam... E com o passar do tempo, eles descobrem que um tem tudo a ver com o outro, apesar de serem tão diferentes.
E quem irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?
E quem irá dizer que não existe razão?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

Como os nossos pais


Um dia, conversando com meu avô materno, fiquei sabendo que minha mãe, na adolescencia, adorava rebelar-se contra os seus pais, do mesmo jeito que eu me rebelo com os meus.
Nesse dia, lembrei de todas as vezes em que ouvi a dona Angela me dizer que na época dela as coisas não eram assim, como é hoje, os filhos rebelando-se contra os pais. Na verdade, filhos são sempre filhos até tornarem-se pais.
E eu não julgo minha mãe por ter esquecido que um dia ela foi uma jovem como eu, afinal, quando eu tiver um filho, talvez eu me esqueça da lição que aprendi naquela tarde, conversando com o vovô. Por hora, deixem-me com minha rebeldia sem causa, que eu ainda não preparei os sermões que usarei contra os posteriores. E que, por enquanto, eu apenas comecei a descobrir que pais e filhos são o lado certo e o avesso da mesma camisa.